28.2.14

Métodos Anticonceptivos

Fisiologia Menstrual
Eixo Hipotálamo - Hipófise - liberação de gonadrotofinas de maneira pulsátil, respeitando pulsos de GnRH.
FSH - Fase folicular inicial - desenvolvimento de oocitos.
LH - Pico desencadeia ovulação
Estradiol sobe junto com o FSH quando o folículo se desenvolve (transformação na camada granulosa por androgênios vindos da TECA - que absorve colesterol da circulação, se transforma e produz androstenediona e estrona) que são difundidos para esta camada estimulados pela aromatase e produz os estrogênios dos quais o principal é o estradiol que começa a ser produzido em maior quantidade e sobe na circulação periférica quando este atinge um pico (36 horas antes da ovulação). Esse pico de estradiol leva a um feedback positivo na hipófise, liberando assim o pico de LH, sendo este o principal fenômeno da ovulação, promovendo a maturação do óvulo para que seja liberado após  a rotura do folículo por liberação de enzimas que lisam sua parede. O ovulo expulso do folículo migra até a trompa para que seja capturado, transformando-se em corpo lúteo, o qual produz progesterona e estrogênio.

Endométrio
Fase proliferativa - logo depois da descamação na menstruação, começa a proliferar o número de celulas endometriais as custas do aumento do estradiol.
Fase secretora - Depois do pico de LH existe uma alteração onde essas células ficam ricas em glicogênio com uma maior atividade secretora.

Qual o melhor método?
1.       Disponibilidade
2.       Custo
3.       Eficácia
4.       Riscos para a saúde
5.       Gestação não planejada
6.       Envolvimento do casal

Métodos Disponíveis
·         Métodos Comportamentais - impacto direto no dia a dia da atividade do casal (coito interrompido)
·         Métodos de Barreira - Camisinha, diafragma.
·         Métodos hormonais orais - pílulas anticoncepcionais
·         Métodos hormonais não orais - injetável, anel vaginal, adesivos, implante subcutâneo
·         DIU
·         Contracepção de emergência
·         Métodos definitivos ou cirúrgicos - laqueadura tubária, vasectomia.

Critérios de Elegibilidade
Categoria 1 - Condição para a qual não há restrição ao uso do método contraceptivo. Utilizar em quaisquer circunstâncias.
Categoria 2 - vantagens do método superam os riscos. Utilizar de modo geral.
Categoria 3 - Riscos comprovados ou teóricos geralmente superam as vantagens do método. Não recomendar o método a menos que seja o único disponível.
Categoria 4 - Representa risco de saúde inaceitável caso seja utilizado. Não utilizar o método.

Descrição dos Métodos

Métodos Comportamentais
Abstinência sexual
Calendário (tabelinha) - abstinência sexual periódica, durante período fértil. Condições:
·         Ter ciclos menstruais regulares (25 a 35 dias)
·         Anotar 6 ciclos
·         Ciclo mais longo em dias. Ex: 32
·         Clico mais curto em dias. Ex: 28
·         Utilizar a regra: Ciclo mais longo subtrai 11 e ciclo mais curto subtrai 18. Ex: 32 - 11 = 21, 28 - 18 = 10. Dias férteis: Décimo ao Vigésimo primeiro.
Coito interrompido - Tira a espontaneidade da relação sexual, chance de problemas de disfunção sexual.
Temperatura basal - Efeito termogênico da progesterona no hipotálamo quando ocorre o pico do LH. Tomar temperatura oral ou vaginal pela manhã (subida de 0,5 graus). Eficaz para facilitar concepção.
Ducha vaginal pós-coito - teoricamente diminui a possibilidade da gestação, pode dar um efeito reverso.
Amamentação + Amenorreia - 6 semanas pós-parto (45 dias de puerpério), não há ovulação. Prolactina leva à anovulação pelo hiperprolactinemia no puerpério desde quando amamentação exclusiva.

Métodos de Barreira
Diafragma - concha no colo do útero que para ser eficaz deve estar absolutamente justa ao colo. Colocar 1 hora da relação e retirar 6 horas depois.
Camisinha - Grande vantagem deste método é a proteção contra DST menos contra o HPV que pode chegar a ser transmitido mesmo com o uso da camisinha.
Espermicida - Gel colocado sobre uma esponja.

Métodos Hormonais Orais
Pílula de Progesterona - normalmente uso contínuo. Indicado na amamentação e pacientes com risco tromboembólicos. Pode induzir amenorreia por ter dupla ação: espessamento do muco cervical e atrofia endometrial, impedindo que haja a fase proliferativa.
Pílulas combinadas - Estrogênio + Progesterona. Monofásicas - todos comprimidos tem a mesma dose em todo o ciclo. Composição: Etinil-Estradiol sintético. Quanto mais estrogênio, mais propensão a riscos tromboembólicos, doenças mamárias. Bifásicas - aumento da dose conforme o dia do ciclo. Indicado a pacientes que não toleram a mesma dose em todo o ciclo e com histórico de spotting e diminuição da libido.

Métodos hormonais não orais
Não sobrecarrega o fígado porque é metabolizado uma única vez.
Usado em pacientes com intolerância gástrica à alimentação e em casos de pacientes que esquecem de tomar as pílulas diariamente. Tem a duração de 3 anos.
Hormônios injetáveis
Uso mensal - Progesterona
Trimestral - acetato de metoxiprogesterona.
Funcionam como hormônios de depósito.
Pets - Adesivos usados por 3 semanas com descanso de 1 semana.
Implante - Progesterona liberada em micro-doses durante 3 anos. funciona como indutor de amenorreia.

Dispositivo Intra-Uterino
DIU de cobre - libera cobre no útero o que diminui a mobilidade dos espermatozoides, mas causam dismenorréia e aumentam o sangramento menstrual.
Localização correta: deve estar localizado acima do colo do útero.
Pode ocorrer fecundação com grande risco de abortamento.
Contraindicações: favorece surgimento de DIP em pacientes com múltiplos parceiros sexuais e que apresentam maiores riscos para ascensão de germens.
DIU de progesterona (Mirena) - Liberação de progesterona local. Associa efeito mecânico do DIU com atrofia endometrial e o espessamento do muco cervical. Não bloqueia a ovulação.

Contracepção de Emergência
Método de Yuzpe com progesterona - Postinor-2, Levonorgestrel. Pode causar disovulia - retardo na ovulação.

Métodos definitivos ou cirúrgicos
Laqueadura Tubária
Indicações (legislação brasileira):
·         Prole Constituída (mínimo 2 filhos) e/ou maiores de 25 anos.
·         Capacidade civil plena
·         Não se faz no ato do parto (tempo mínimo de 6 meses). Na prática se realiza na cesárea do terceiro filho.

Eficácia x Falha dos métodos

Uso típico (Rotineiro) % de falha
Uso Correto (descrito) % de falha
Sempre Muito Eficazes


Implantes
0,1
0,1
Vasectomia
0,15
0,1
DIU - LNG
0,2
0,1
Injetáveis
0,3
0,3
Injetáveis mensais
0,4
0,1
Esterilização feminina
0,5
0,5
DIU - Cobre
0,8
0,6



Eficazes


LAM (lactação - 6 meses)
2
0,5
Minipílula (progesterona)
3 - 7
0,5
ACOs
2 - 3
0,1



Pouco eficazes


Condons
14
3
Diafragma
20
6
Metodos Comportamentais
20
1 - 9
Condon feminino
21
5
Espermicida
26
6
Nenhum Método
85
85

Classes de Progestágenos
·         Derivados de 17-Hidroxiprogesterona - antiandrogênicos
·         Derivados de 19-Norprogesterona - androgênico.

Mecanismo de ação dos anticoncepcionais hormonais
1.       Bloqueio ovulatório a nível do ovário.
2.       Alteração do espermo-migração e do muco-cervical.
3.       Inibição do FSH e LH a nível hipofisário e hipotalâmico.
4.       Alteração da mobilidade tubária - Epitélio endotubario perde o movimento ciliar de transporte do óvulo até o útero.
5.       Hipotrofia endometrial.

Combinações e dosagens
Estrogênios e progestogênio associados:
Ultra-baixa: 15 mcg de etinil-estradiol.
Baixa: 20 e 30 mcg de estinil-estradiol.
Alta: 50 mcg de etinil-estradiol.
  
Benefícios dos contraceptivos hormonais
·         Evitar uma gravidez
·         Regularização do ciclo menstrual
·         Melhora quadros de dismenorreia
·         Melhora quadro de TPM
·         Redução do risco gestação ectópica, DIP, afecções benignas da mama, neoplasias benignas do útero, neoplasias malignas de ovário e endométrio.
·         Mulheres com histórico de anemia e sangramento abundante.
·         Mulheres com doença crônica que necessitam anticoncepção eficaz.

Contraindicações dos contraceptivos orais combinados

Relativas
·         Risco de tromboembolismo ou histórico de alteração de fatores do risco de tromboembolismo
·         Risco de doença hepática
·         Aleitamento materno
·         Depressão de longa data (combinação de antidepressivos com anticonceptivos)
·         Histórico de cefaleia (enxaqueca com aura).
·         Epilepsia
·         DM
·         HAS

Absolutas
·         Tromboflebite, obstrução coronariana
·         Doença hepática grave
·         CA de mama diagnosticado ou suspeito
·         Gestação ou suspeita.
·         Fumantes há mais de 35 anos (se necessário, usar menor dose possível).

Efeitos Adversos
·         Spotting ou sangramento intermenstruais - Não significam falha no tratamento e sim um efeito fisiológico porque o endométrio nao consegue a epitelização suficiente ocorrendo uma pequena descamação.
·         Amenorreia
·         Aumento de peso
·         Cefaleia
·         Irritabilidade e nervosismo
·         Cloasma
·         Dor e ingurgitamento mamário
·         Acne
·         Náuseas e vômitos

Causas de Spotting - Extremidade de idade reprodutiva, redução exagerada das concentrações de etinil-estradiol, tipo de progestageno.

Consequências - atrapalham o ritmo de vida da mulher levando a uma baixa adesão ao tratamento.

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