29.9.14

Meningoencefalite

Crescimento de bacterias no espaço subaracnóide. que pode comprometer o cérebro (edema, isquemia cerebral).

Etiologia
RN até 2 meses: E. coli, Enterobacter klebsiela pneumoniae, streptococus agalactiae (grupo B), listeria monocytogenes.
3 meses até 20 anos: Neiseria Meningitidis, S. pneumoniae, H. influenzar tipo B até 5 anos.
20 a 55 anos: S. pneumoniae, N. Meningiditis, Streptococus grupo B (maior de 50 com comorbidades)
Após 55 anos: S. pneumonia, listeria monocytogenes.
Gravidez: S. pneumonia ou N. meningiditis, Listeria monocytogenes.
Deficiencia de imunidade celular (trasplantados, malignidades, terapia imunosupressora): Listeria monocytogenes.
Após neurocirurgia ou infecção de shunt (derivação ventrículo peritoneal): S. coagulase negativo, S. aureus, bacilos gram negativos.
Pós punção lombar: S. aureus, P. aeruginosa.

Fisiopatologia
Infecção bacteriana do espaço subaracnoide que envolve o cérebro (meningoencefalite).
Ocorre a penetração da bacteria no espaço subaracnoide colonizando nasofaringe, ou por uma pneumonia meningococica, fratura de base de cranio, a partir de então, invade vias aéreas e cai na corrente sanguínea e chega ao espaço subaracnoide e proliferam, mas são lisados por células imunes e os componentes da parede celular dessas bactérias sao as responsáveis por deflagar uma resposta inflamatória (TNF alfa e IL1) exagerada, aumentando a permeabilidade da barreira hematoencefálica (edema cerebral vasogênico), isso permite a passagem de leucócitos, formando no líquor um exsudato expeso que se adere as granulções aracnoideas, bloqueando a drenagem liquorica levando a hidrocefalia + edema cerebral intersticial. Posteriormente pode haver uma infiltração de leucócitos em vasos vizinhos (ramos do poligno de wilis), e sofrem uma infalamação das suas paredes ocorrendo uma isquemia cerebral (edema cerebral citotóxico).

Manifestações clínicas
Menincoccemia - Choque (septico) com evolução em menos de 24 horas e ausência de meningite. Comeca com maculas eritematosas que se transforma em um rash petequial (purpuras) que pode evoluir para bolhas hemorragicas acompanhado de necrose e ulceração das extremidades. Provoca tambem a sindrome de Waterhouse-Friderichsen (hemorragia das adreanais).


Meningite bacteriana
Febre, cefaleia e rigidez de nuca (triade clássica), nausea, vômitos, fotofobia e convulsões.
Aumento da Pressão intracraniana por edema cerebral (sinais clinicos - reflexo de cushing: papiledema, bradicardia, HA e arritmia respiratória, rebaixamento do nivels de consciencia).
Sinais meningeos - Kernig e Brudzinski.


Diagnóstico
Hemocultura
Punção Lombar
Neuroimagem antes da punção lombar se sinais de hipertensão intra craniana, sinal neurológico focal, malignidade, imunosuprimido, etc.

Liquor normal - Pressão até 18 cm de H2O, coloração agua de rocha, celularidade até 4/mm3, Proteínas até 30mg/dL, glicose de 50 a 80 mg/dL, relação glicose liquor/glicose soro menor a 0,40.
Liquor alterado - Pressão maior a 18, coloração turva ou purulenta, celularidade de 1.000 a 10.000 (PMN). Proteinas maior a 45, glicose menor a 40 mg/dL.

Obs.: Na meningite viral, apresenta celularidade aumentada as custa de linfonuclear, glicorraquia normal e proteinas discretamente aumentadas. As vezes, pode dar, nas primeiras um liquor com PMN, parecido a bacteriana. Na dúvida, pedir PCR e pro-calcitonina (normais na viral).

Clutura do Liquor - Positiva em mais de 50% (nao basear na cultura, pela demora do seu resultado). Aglutinação pelo látex - melhor na pneumococica. S - 30 a 70%, E - 95 a 100%

PCR bacteriano - fragmentos de DNA das bacterias com melhor S e E.

Tratamento 
Antibioticoterapia empírica Primeira dose antes do liquor e neuroimagem.
RN - Ampicilina + Cefotaxima

  • 1 a 3 meses - Ampicilina + Cefotaxima ou Ceftriaxona
  • Maior de 3 meses até 54 anos - Cefotaxima ou Ceftriaxone + Vancomicina.
  • Maiores de 55 ou adultos alcoolatras ou com doenças debilitantes - Ampicilina + cefotaxima ou Ceftriaxona + Vancomicina.
  • Nosocomial, pós-TCE, pós-neurocirrugia, neutropênicos, distúrbios de imunidade celular - Ampicilina + Ceftazidima + Vancomicina.
Glicocorticóide - Primeira dose da dexametosona 10  a 20 10 mg IV - 15 a 20 minutos antes da primeira dose do antibiotico. Se pneumococo, manter por 4 dias a cada 6 horas.

Obs.: atrapalha a penetração da vancomicina, sendo indicado acrescentar a rifampicina ao esquema ou aplicação direta na cisterna magna por cateter.

Quando realizar uma repunçao?
RN em 48 a 72 horas.
Persistência dos sinais/sintomas além de 48 horas.
Meningite meningocócica.

Se espera uma viragem para mononuclear em até 48 horas, Gram nao deve mostrar microorganismo, normalização da glicorraquia.

Marcadores de mau prognostico nas meningites bacterianas

  • Rebaixamento do nível de consciencia na admissão
  • Convulsões dentro de 24 horas da admissão.
  • Extremos das idades.
  • Necessidade de ventilação mecânica.
  • Atraso no início da terapia.
  • Liquor com glicose menor a 40 ou Proteína maior a 300.
Quimioprofilaxia
Situação que se expoe ao meningococo e posterior colonizaçao da nasofaringe pelo meningococo.
Comunicantes, mais de 24 horas em contato com o caso índice por 5 dias ou mais por semana, creches, familiares.

Doença Meningocócica
Primeira escolha - Rifampicina 10 mg até 600 mg/dia, por 2 dias.
Ceftriaxona 250 mg IM - dose única
ciprofloxacino 750 mg IM - dose única
Azitromicina 500 mg (dose unica).

Meningite por Haemophilus
Menores de 5 anos além do caso índice e não vacinada - rifampicina 10 mg/kg até 600 mg/dia, por 4 dias. Se foi vacinado, não se indica para nenhum contactante.