29.11.10

HCG

GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA (HCG)

A dosagem da gonadotrofina coriônica deve ser estudada em primeiro lugar porquanto, sendo um hormônio denunciador da presença de tecido trofoblástico, atende ao diagnóstico diferencial de alguns quadros clínicos, particularmente à primeira consulta, para definir a área ginecológica ou obstétrica.

A gonadotrofina coriônica é uma glico-proteína, e como tal consiste de duas sub-unidades proteicas (alfa e beta) unidas a um núcleo glicídico. É sabido que compartilha a sub-unidade alfa com FSH, LH e TSH, sendo a sub-unidade beta a detentora da especificidade imunológica. Afim de evitar-se a reação cruzada com LH no método RIA, foi estabelecida a dosagem da beta-gonadotrofina coriônica. O método Enzima Imunoensaio Fluorimétrico que utilizamos atualmente emprega dois anti-soros monoclonais, dosando a molécula inteira com um mínimo de interferência das demais glico-proteínas hormonais.

A dosagem de HCG cria um problema na definição dos níveis inferiores, inexistente para hormônios de presença normal obrigatória. Ainda assim, em alguns casos (prolactina, hormônio tireotrófico) apela-se ao recurso de estender o limite inferior da normalidade até zero. Isto é, admite-se que na dosagem destes dois hormônios, eventualmente, um adulto normal possa ter teores não tituláveis. O aceitar-se as taxas obtidas com a observância estrita do método, sem outras considerações, resultou na descrição de valores tituláveis de beta-HCG em vários carcinomas além dos coriomas; depois, em mulheres não grávidas; e, finalmente, mesmo em homens normais.

Existe evidentemente uma dificuldade a ser superada, pois os números mais baixos, na faixa de menor precisão do método, não podem ser tomados simplesmente como se apresentam. Antes de alargar exageradamente a possibilidade da presença de HCG, devemos definir um nível capaz de traduzir em termos clínicos (e não puramente decorrente de metodologia laboratorial) a existência real de tecido trofoblástico em atividade. Tal nível, propomos, será de 1.000 miliUI/ml, a partir do qual, na quase totalidade dos casos, há de fato uma fonte ativa de gonadotrofina coriônica. É óbvio que, para atingir este ponto, foram ultrapassados níveis tituláveis anteriores, que podemos determinar em alguns casos. Entretanto, considerando a rapidez da ascenção dos níveis de HCG na gravidez normal, é preferível a repetição da dosagem sempre que o valor estiver abaixo de 1.000 miliUI/ml. 48 horas são prazo suficiente para que tal valor numérico seja ultrapassado de modo significativo, colocando-nos ao abrigo de imaginar-se uma secreção de HCG não existente. Tal prazo pode ser utilizado sem inconvenientes na prática, mesmo para situações de urgência em que se requeira a definição segura da presença de HCG, como é o caso, mais comum, da prenhez ectópica.

Valores Normais

Em princípio a presença de HCG pode ser determinada a partir de 10 dias da ovulação, isto é, antes de instalada a amenorréia ou, medindo-se em tempo de gestação, na 4a semana. Embora ocasionalmente tenhamos conseguido tal objetivo, por vezes com números inferiores a 1.000 miliUI/ml, confirmado o diagnóstico em titulações ascencionais subsequentes, isto não deve ser entendido como sempre possível.

Uma tentativa de balizar os valores mais significativos oferece os números abaixo em miliUI/ml:

4a semana – 1.000
5a semana – 3.000
6a semana – 6.000
7a semana – 20.000

Da 8a à 10a semana transcorre o “fenômeno apical” de HCG, quando a taxa eleva-se a 50.000 ou mesmo 100.000 miliUI/ml. Depois de 90 dias de amenorréia estabelece-se uma amplitude entre 5.000 e 15.000 miliUI/ml. Qualquer valor abaixo deste limite é indicativo de anormalidade. Um segundo pico de HCG, menor, é descrito na 36a semana, de significado desconhecido. A descida do primeiro pico é correlacionada à elevação da progesterona placentária, e tal cruzamento traduz a normalidade neste momento crítico após a 12a semana.

Devido a seu lento metabolismo a gonadotrofina coriônica persiste titulável até cerca de 15 dias após a morte intra-uterina do ovo, ou depois de um parto normal a termo, e esta particularidade assume grande importância clínica em certos casos de abortamento. Por vezes uma gravidez irremediavelmente condenada ainda oferece níveis tituláveis de beta-HCG. Um dado de experiência que podemos sugerir é aceitar o limite inferior de 4.000 miliUI/ml como o mínimo compatível com gestação evolutiva depois da 6a semana. Abaixo deste limiar há mau prognóstico e a interrupção é a regra, decrescendo as taxas em determinações seriadas até ao zero.


Um comentário:

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