12.11.18

Transtornos do Sono

O sono natural é alternado durante a noite entre REM e não REM (NREM) aproximadamente a cada hora. Sendo que os vários estágios e fases do sono variam de acordo a idade, sendo influenciado por neurotransmissores, neuropeptídeos e genes associados a alterações hormonais e citocinas inflamatórias. O fato de dormir demais, dormir menos ou dormir mal, podem ser benignos e passageiros ou patológicos e permanentes, influenciados por hábitos diários, alimentação, atividades, fatores ambientais, quadros clínicos ou associações entre eles. Todos estes fatores e alterações no qualidade ou quantidade do sono, se associam em sua grande maioria a riscos metabólicos, DM e a obesidade.

Fisiologia do Sono: O sono REM e sono Não REM alternam em ciclos de 90 minutos até o final da noite. Aproximadamente 5 ciclos em um sono de 8 horas.
Sono REM - Ocupa 20 a 25% do sono. Paradozal ou sono rápido.
Sono NREM - Ocupa 75 a 80% do sono. Ortodoxal ou sono de ondas lentas.
  • N1: 2 a 5 % do sono - transição entre vigília e sono ou vigilia relaxada (ondas alfa).
  • N2: 45 a 55% do sono - superificial. Dura aproximadamente 45 minutos.
  • N3 N4: 20 a 25% do sono - sono quieto e mais profundo que apresenta semelhanças com estado de coma. Predominância de ondas lentas (ondas delta) - Dura aproximadamente 2 horas e retorna ao estagio 2.
Doenças Clínicas e Psiquiátricas relacionadas ao sono
  • Insonia
  • Hipersonolência - Narcolepsia
  • Doenças Respiratórias
  • Transtornos de Movimentos durante o sono
  • Parassonias
  • Transtornos de Sono - vigília do ritmo cardíaco
🔝 Interessante:
- Cantar de Gilgamesh - Viver também é dormir!!!

Tempo de sono recomendado nas diferentes Idades (National Sleep Foundation)

0 a 3 meses - 14 a 17 horas
4 a 11 meses - 12 a 15 horas
1 a 2 anos - 11 a 14 horas
3 a 5 anos - 10 a 13 horas
6 a 13 anos - 9 a 11 horas
14 a 17 anos - 8 a 10 horas
18 a 64 anos - 7 a 9 horas
> 65 anos - 7 a 8 horas

A importância do sono na Sociedade Atual

Existe uma cultura de que dormir é perda de tempo. A pressão de uma sociedade capitalista, nos exige tempo para trabalhar, para se qualificar para trabalhar cada vez mais, e então? Quando dormimos? Ah, sem contar que a sociedade capitalista com suas crenças, exigem que esse mesmo cidadão, pratique esportes, tenha "tempo" para seus amigos, grupos em geral e família. Quando finalmente vamos dormir? Será realmente uma perda de tempos? Qual a importância do sono?
É claro que com a restrição do tempo de sono, a qualidade de vida fica prejudicada, assunto que tem sido foco de crescente atenção.
Fatores que levam a privação do sono podem ser observados em diversas causas como, demanda de trabalho, estilo de vida e ocupação, fatores sócio-ambientais, condições médica ou psiquiátricas.
Turnos de trabalho diurno ou noturno, determinam o ciclo circadiano endógeno.
Cabe frisar que, indivíduos com curta duração de sono ou com sono de má qualidade, associada ou não a insonia, podem apresentar prejuízo neurocognitivo e neurocomportamentais, prejuízo na atenção e memoria.

Insonia como transtorno psiquiátrico

A privação do sono em indivíduos normais podem acarretar em aumento de sintomas ansiosos, depressivos e queixas somáticas, interferindo em estruturas cerebrais e neurotransmissores envolvidos na regulação de sono e vigilia. Essa privação interfere principalmente em:
  • regulação hormonal
  • estado de alerta
  • regulação emocional
  • formação da memoria
  • funções executivas
  • comportamento.
Define-se insonia (DSM-5), a dificuldade em dormir no mínimo 3 noites na semana por pelo menos 3 meses. Transtorno de Insonia ocorre quando não se observa fator desencadeante associado, e não pode ser atribuído a condições psiquiátricas ou medicamentosas que expliquem a queixa de insonia.
Caracteriza-se por queixa na dificuldade de iniciar o sono, manter o sono ou despertar precoce com dificuldade em retornar ao sono.
Pode estar associada a condições médicas como diabetes melito, doença coronariana, artrite, transtornos psiquiátricos (transtorno bipolar, transtornos do humor, ansiedade), etc. Metanálise realizada entre 1980 e 2010, comprovaram o chance de aumentar os episódios depressivos em pacientes com insonia. Pode também, ser um grande fator de risco para a regulação do humor e funcionamento cognitivo.
Atividades sociais influenciam de certa maneira o ritmo circadiano (exposição ao claro e escuro).

Genes Clock e Bmal 1 - estudos de genes relacionados ao transtorno do humor. Estruturas do sistema límbico, como a amígdala hipocampo, também são focos de estudo para o transtorno de ansiedade, diretamente relacionadas ao estado de alerta, influenciados por ação de neurônios hipocretinergicos.
Neurônios adrenérgicos e serotoninergicos em locus cereleus e núcleo dorsal de rafe também são focos de estudo  em transtornos de ansiedade e envolvidos no ciclo sono-vigília.

O tratamento farmacológico e psicoterápico podem estar associados uma vez que o individuo pode apresentar um elevado estado de alerta, tanto na insonia quanto no transtorno de ansiedade.
Estudos demonstram que a insonia surge junto com o transtorno de ansiedade em cerca de 38% dos casos, sendo que 43% iniciam os sintomas de ansiedade previamente.

Na TAG, a insonia se associa aos sintomas de excessiva preocupação, fadiga, dificuldade de concentração e irritabilidade, piorando ainda mais a insonia quando relacionados.

No transtorno de pânico destaca-se a dificuldade do individuo em iniciar e manter o sono, causando o sono não reparador (predominando no sono NREM), e podem estar associado ao temor de dormir e e ao medo de ter o ataque durante o sono.

Nos transtornos de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), as medicações utilizadas no seu tratamento estão relacionadas na piora ou como causa principal da insonia.

Privação do Sono e Risco metabólico
Estudos transversais e longitudinais tem relacionado um período de sono inferior a 6 horas ao surgimento de obesidade e de Diabetes Melitus tipo 2 (DM2).

Sono e DM2 - Obesidade, hereditariedade, sedentarismo, envelhecimento.
Fatores relacionados: Apneia, etilismo, obesidade, etnia, doenças crônicas, condição social.
Paciente com DM2 e privação de sono apresentam pior controle glicêmico.
Fisiopatologia DM2 - resistência periférica a ação da insulina acontecem com mais frequência em pacientes privados do sono por algumas noites.
Durante a privação do sono ocorre um aumento de catecolaminas, cortisol e citocinas inflamatórias, que antagonizam a ação da insulina e reduz a sua produção.

Fome / Saciedade / Redução do gasto energético e Sono
Nucleo Arqueado tem dois circuitos neurais opostos associado ao estimulo e à inibição do apetite. A Grelina produzida no estomago (estimulante do apetite) e a leptina produzida pelo tecido adiposo (inibidor do apetite), interage com esses circuitos neurais, promovendo fome e saciedade.
A privação de sono aumenta niveis de grelina e reduz niveis de leptina (efeito orexígeno). influencia tambem no consumo de alimentos gordurosos e condimentados (mecanismo hedônico).
Aumento de Leptina - Favorece gasto energetico.
Aumento de Grelina - Redução do metabolismo basal.

Manejo da Insonia

Farmacológico: De preferencia o uso deve ser intermitente quando possível (a cada 3 noites para reduzir o risco de tolerância)
 - Diagnosticar e tratar a causa da insonia
 - Insonia condicionada (abordagem comportamental), psicoterapia.
 - Se situacional ou transitória, manejar com uso de de hipnóticos (benzodiazepinicos).

















Alternativa ao uso de Benzodiazepinicos:
 - Agonistas de receptores de benzodiazepinicos de meia vida curta:

  1.  Zolpidem 10mg
  2. Zopiclona 7,5mg
  3. Zaloplon 10mg
 - Anti-histaminicos:
  1. Difenidramina 50mg
  2. Prometazina 25mg
 - Melatonina - efeito no ritmo circadiano com 5 mg ao deitar para regularizar o horario do sono, durante aproximadamente 1 semana.



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